Denis Warren – Montagem de Acordes (Tétrades)
Olá, nessa aula vamos aprender como montar os 9 tipos de acordes com sétima ao longo do braço da guitarra, qual a relação de proximidade entre os tétrades, quais são as suas inversões e como arpejá-los. Para um entendimento pleno dessa aula recomendo saber a formação de tríades e tétrades, assunto que trato no texto “Formação de Acordes e Cifragem”.
Introdução: Assim como os acordes de tríade definem através da sua estrutura a função potencial que poderão desempenhar no trecho musical, os tétrades reforçam esse conceito trazendo a inclusão de mais uma nota, a sétima, encurtando a ambiguidade. Um acorde só irá representar com exatidão a escala da qual faz parte quando for usado com todas as suas notas de tensão ou dentro da cadência harmônica, mas o tétrade é a forma estrutural mais completa.
Tipos de Tétrade: Na prática usamos apenas 3 tipos de sétima na montagem dos tétrades…
- a sétima maior, que fica meio tom abaixo da tônica do acorde.
- a sétima menor, que fica 1 tom abaixo da tônica do acorde.
- a sétima diminuta, que fica 1 ½ tom abaixo da tônica do acorde. Aparece apenas no acorde diminuto e pode ser analisado como uma sexta maior.
Como existem 4 tipos de tríade (tríade maior, tríade menor, tríade diminuta, tríade aumentada), multiplicadas por 3 tipos de sétima, resultam em 4 X 3 = 12 acordes de tétrade. Usamos na prática 8 desses tipos pois os outros 4 podem ser reescritos de forma enarmônica. Eles são:
T → Tônica
Tríade maior
Tríade maior + Sétima maior = T7M ou Tmaj7 ou T∆
Exemplo: Tríade de C (C E G) + sétima maior, nota B = C E G B = C7M ou Cmaj7 ou C∆
Tríade maior + Sétima menor = T7
Exemplo: Tríade de C (C E G) + sétima menor, nota Bb = C E G Bb = C7
Tríade maior + Sétima diminuta = não utilizado pois pode ser reescrito de forma enarmônica.
Exemplo: Tríade de C (C E G) + sétima diminuta, nota Bbb (A) = C E G A = A C E G = Am7
Tríade menor
Tríade menor + Sétima maior = Tm7M ou Tmmaj7 ou Tm∆
Exemplo: Tríade de Cm (C Eb G) + sétima maior, nota B = C Eb G B = Cm7M ou Cmmaj7 ou Cm∆
Tríade menor + Sétima menor = Tm7
Exemplo: Tríade de Cm (C Eb G) + sétima menor, nota Bb = C Eb G Bb = Cm7
Tríade menor + Sétima diminuta = não utilizado pois pode ser reescrito de forma enarmônica.
Exemplo: Tríade de Cm (C Eb G) + sétima diminuta, nota Bbb (A) = C Eb G A = A C Eb G = Am7(b5)
Tríade diminuta
Tríade diminuta + Sétima maior = não utilizado pois pode ser reescrito de forma enarmônica. Esse tipo de acorde é uma variação do acorde diminuto To onde a sétima diminuta é substituida pela sétima maior, mas a função do acorde se mantém. Normalmente é escrito como To(7M).
Exemplo: Tríade de Cm(b5) (C Eb Gb) + sétima maior, nota B = C Eb Gb B = Co(7M)
Tríade diminuta + Sétima menor = Tm7(b5) ou TØ (acorde meio diminuto)
Exemplo: Tríade de Cm(b5) (C Eb Gb) + sétima menor, nota Bb = C Eb Gb Bb = Cm7(b5) ou CØ
Tríade diminuta + Sétima diminuta = To (acorde diminuto)
Exemplo: Tríade de Cm(b5) (C Eb Gb) + sétima diminuta, nota Bbb = C Eb Gb Bbb = Co
Tríade aumentada
Tríade aumentada + Sétima maior = T7M(#5) ou Tmaj7(#5)
Exemplo: Tríade de C(#5) (C E G#) + sétima maior, nota B = C E G# B = C7M(#5) ou Cmaj7(#5)
Tríade aumentada + Sétima menor = T7(#5)
Exemplo: Tríade de C(#5) (C E G#) + sétima menor, nota Bb = C E G# Bb = C7(#5)
Tríade aumentada + Sétima diminuta = não utilizado pois pode ser reescrito de forma enarmônica.
Exemplo: Tríade de C(#5) (C E G#) + sétima diminuta, nota Bbb (A) = C E G# A = A C E G# = Am7M
Observe no quadro abaixo as combinações utilizadas:
O acorde alterado – é derivado do sétimo grau do campo harmônico menor melódico e é característico por ser um acorde do tipo T7 com combinações de quintas e nonas alteradas.
T7 (b5 b9) | T7 (b5 #9) | T7 (#5 b9) | T7 (#5 #9)
De forma geral as variações com apenas uma das alterações ( T7(#5), T7(b5), T7(b9), T7(#9) ) também são consideradas como acordes alterados. Nesse caso podemos adicionar mais um tipo de formação aos tétrades, o T7(b5).
Tipos: T7M | T7 | Tm7 | Tm7(b5), TØ | To | Tm7M | T7(#5) | T7M(#5) | T7(b5)
Montagem: Uma forma prática para descobrir os diferentes shapes de cada tipo de tétrade é escolher uma tônica, definir a terça, quinta e sétima, e posicionar as notas no braço da guitarra.
Tétrade Tm7 – Tônica + Terça menor + Quinta Justa + Sétima Menor
Cm7→ C Eb G Bb
Visualize no desenho abaixo as notas do tétrade de Cm7 colocadas ao longo do braço da guitarra:
Para montar o tétrade bastam as 4 notas da sua formação, a Tônica, a terça, a quinta e a sétima. Independente da inversão (nota mais grave) o acorde será sempre o mesmo.
Formatos de Cm7 sem salto de corda:
Formatos de Cm7 com salto de corda (são apenas os formatos com a separação do polegar da mão direita, mais fáceis de serem executados):
Formatos de Cm7 resultado da soma de formatos anteriores:
Existem ainda um grande número de formatos abertos que não são confortáveis de serem executados de forma harmônica (acorde) mas deverão ser estudados na forma melódica (arpejo):
Relação de proximidade entre os acordes – Ao comparar os 9 tipos de acordes de tétrade podemos facilmente relacioná-los de acordo com as notas que possuem em comum.
3 notas em comum:
Cm7 (C Eb G Bb) tem 3 notas em comum com os acordes de…
- C7 (C E G Bb)
- Cm7(b5) (C Eb Gb Bb)
- Cm7M (C Eb G B)
2 notas em comum:
Cm7 (C Eb G Bb) tem 2 notas em comum com os acordes de…
- C7M (C E G B)
- Co (C Eb Gb Bbb)
- C7(#5) (C E G# Bb)
- C7(b5) (C E Gb Bb)
1 nota em comum (tônica):
Cm7 (C Eb G Bb) tem 1 nota em comum com o acorde de…
- C7M(#5) (C E G# B)
Os formatos com 3 ou 1 nota em comum são os mais proximos pois basta a alteração de uma nota do acorde para transformar a função. Os formatos com 2 notas em comum são os mais distantes. Por exemplo:
Cm7 subindo a terça ½ tom = C7
Cm7 descendo a quinta ½ tom = Cm7(b5)
Cm7 subindo a sétima ½ tom = Cm7M
O acorde de C7M(#5) difere do acorde de Cm7 em 3 notas mas o formato de ambos os acordes são parecidos. Ao tocar um Cm7, mova a tônica ½ tom abaixo, o acorde muda de função formando um B7M(#5). A mesma coisa se aplica no sentido contrário, quando tocar um B7M(#5), mova a tônica ½ tom acima e obterá um Cm7.
Cm7 – C Eb G Bb reduzindo a tônica ½ tom e pensando nas outras notas de forma enarmônica (trocando o nome) = B D# Fx A# = B7M(#5)
Ou
B7M(#5) – B D# Fx A# elevando a tônica ½ tom e pensando nas outras notas de forma enarmônica (trocando o nome) = C Eb G Bb = Cm7
Depois suba o acorde de B7M(#5) ½ tom para obter o C7M(#5).
Observe na tabela abaixo o resumo dessas relações de proximidade:
As relações sinalizadas com cor são aquelas com uma única nota de diferença, ou com 3 diferenças do mesmo tipo (formatos proximos). Os quadros em branco são as relações com formatos distantes.
Usando a tabela para a montagem dos diferentes tétrades…
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Use como referência a tabela abaixo.
Para transformar o Cm7 em C7 suba a terça meio tom (+ 1 casa):
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Para transformar o Cm7 em C7M suba a terça e a sétima meio tom (+ 1 casa) :
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Para transformar o Cm7 em Cm7M suba a sétima meio tom (+ 1 casa):
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Para transformar o Cm7 em Cm7(b5) desca a quinta meio tom (- 1 casa):
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Para transformar o Cm7 em Co desca a quinta e a sétima meio tom (- 1 casa):
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Para transformar o Cm7 em C7(#5) suba a terça e a quinta meio tom (+ 1 casa):
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Para transformar o Cm7 em C7(b5) suba a terça meio tom (+ 1 casa) e desca a quinta meio tom:
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Para transformar o Cm7 em C7M(#5) suba a terça, quinta e sétima meio tom (+ 1 casa):
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Como uma alternativa, ao invés de mover a terça, quinta e sétima meio tom pra cima, mova a tônica meio tom pra baixo gerando um acorde de B7M(#5) e depois desloque o acorde inteiro meio tom pra cima chegando no C7M(#5).
Esse tipo de relação existe também entre outros tétrades:
Formato de Tm7 movendo a tônica ½ tom para baixo→ Formato de T7M(#5)
Formato de T7M(#5) movendo a tônica ½ tom para cima→ Formato de Tm7
Formato de To movendo a tônica ½ tom para baixo→ Formato de T7
Formato de T7 movendo a tônica ½ tom para cima→ Formato de To
Formato de Tm7(b5) movendo a tônica ½ tom para baixo→ Formato de T7M
Formato de T7M movendo a tônica ½ tom para cima→ Formato de Tm7(b5)
É importante modificar cada um dos formatos de Cm7 sugeridos para descobrir todos os desenhos possíveis dos 9 tipos de tétrade.
Assimilação:
Começe memorizando ao menos 5 ou 6 formatos de Cm7 ao longo do braço da guitarra, dessa forma você ganha independência na montagem e conseguirá tocar qualquer tipo de tétrade em qualquer posição no instrumento. Uma forma eficiente é usar um formato do qual já esteja acostumado e a partir de uma nota em comum ir associando novos formatos.
Esse tipo de associação também facilita a aplicação melódica dos tétrades (arpejos).
Clique nos links abaixo para acessar as galerias…
Relação entre o acorde T7(b5) e o acorde To:
Ambos os acordes são simétricos e possuem na sua formação 2 trítonos. Observe:
C7(b5) – C E Gb Bb, trítono entre C-Gb e entre E-Bb. A distância entre os trítonos é simétrica numa relação de 2 tons + 1 tom.
Co – C Eb Gb Bbb, trítono entre C-Gb e entre Eb-Bbb. A distância entre os trítonos é simétrica, sempre 1 ½ tom.
Os formatos desses acordes se repetem ao longo do braço mantendo essa mesma relação simétrica:
T7(b5) a cada 2 tons + 1 tom
To a cada 1 ½ tom
Transposição para outras tônicas –Ao mover um acorde ao longo do braço da guitarra mantemos o tipo de acorde mas alteramos a tônica.
Exemplo:
Cm7 movendo o acorde inteiro ½ tom acima→ C#m7
C#m7 movendo o acorde inteiro ½ tom acima→ Dm7
Dm7 movendo o acorde inteiro ½ tom acima→ D#m7 e assim por diante.
Ou ainda…
Cm7 movendo o acorde inteiro ½ tom abaixo→ Bm7
Bm7 movendo o acorde inteiro ½ tom abaixo→ Bbm7
Bbm7 movendo o acorde inteiro ½ tom abaixo→ Am7 e assim por diante.
Deslocando desenhos através das cordas – Quando mantemos o desenho do acorde mas mudamos as cordas em que ele é feito, indo pra cima ou baixo, mudamos a função e tônica do acorde. Isso é interessante pois podemos alterar completamente a função de um acorde sem mudar a forma em que ele é feito, apenas deslocando os dedos pra cima ou para baixo. Observe os 2 exemplos abaixo:
Estude para cada desenho de tétrade esse tipo de modificação, o vocabulário é gigantesco.
Inversões: A inversão de um acorde é a indicação de qual nota está no baixo (nota mais grave). Temos as seguintes inversões:
- Estado Fundamental: sem inversão, o baixo é a Tônica do acorde.
- Primeira Inversão: o baixo é a Terça do acorde.
- Segunda Inversão: o baixo é a Quinta do acorde.
- Terceira Inversão: o baixo é a Sétima do acorde.
Na maioria dos arranjos com banda a guitarra pode tocar qualquer formato de tétrade sem levar em consideração a inversão, pois a nota do baixo está sendo tocada pelo baixista. Quando estiver tocando sozinho escolha as inversões de acordo com a linha de baixo que estiver construindo.
Saber as inversões de cada formato ajuda bastante pois define a ordem dos intervalos dentro do acorde (quando não existe salto de corda). As sequências sempre vão ser as mesmas…
Quando o formato do acorde abrange 5 ou mais casas a sequência é linear, independente de qual nota está no baixo:
Para a grande maioria dos formatos as inversões seguem as lógicas abaixo:
Então sabendo a nota do baixo (tipo de inversão) é possível deduzir todos os intervalos dentro do acorde.
Estudo em arpejos – É a aplicação melódica das notas do tétrade, independente da ordem. Da mesma forma que associamos os desenhos dos acordes para completar a visualização ao longo do braço, podemos usar esses formatos para tocar um arpejo de forma não linear, artifício que cria interesse e que une as diferentes regiões.
Exemplo 1:
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Exemplo 2:
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Exemplo 3:
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