Lucas Martinez – Frases em quintas à la Jonathan Kreisberg (ou Steve Vai)
Uma das tendências na linguagem da guitarra moderna é o uso de frases angulares com grandes saltos melódicos (4ªs, 5ªs, 6ªs, 7ªs, etc.), que chamam a atenção pelo contraste com a maioria das melodias, formadas normalmente por escalas e arpejos (que são formados por 2ªs e 3ªs).
Jonathan Kreisberg é um dos maiores guitarristas de Jazz contemporâneo e tem um vasto repertório de frases angulares em seu vocábulário, sempre muito sofisticado, bem articulado e ritmicamente impecável.
O exemplo desta lição usa intervalos de 5a justa, que trazem uma sonoridade muito marcante e característica. Muitas melodias memoráveis contém saltos de quinta justa: o tema principal de “Star Wars”, o tema de “2001 Uma odisséia no espaço” (Also Sprach Zarathustra), o tema dos “Flintstones”, “Blackbird” dos Beatles, “One” do Metallica, o standard de jazz “Have you met Miss Jones”, entre muitas outras. Quando as 5as são ‘empilhadas’ em seqüência, elas criam uma sonoridade muito interessante e até mesmo surpreendente para ouvidos desprevenidos. Kreisberg, assim como alguns outros guitarristas modernos (Ben Monder, Kurt Rosenwinkel, Steve Vai) explora esses sons muito bem.
Vejamos o seguinte exemplo:
Aqui as 5as são misturadas com uma 2ªm (na sequência: 5ªJ, 5ªJ, 2ªm, 5ªJ, 5ªJ) para acomodar um tipo de ‘arpejo angular’ de Am7(9,11) contendo, em relação à ‘A’ os intervalos 1, 5, 9, b3, b7, 11. Pelos intervalos formados em relação à fundamental, essa frase se encaixa nos modos menores Dórico e Eólio. No Frígio e no Lócrio não funcionaria pela presença da 9ª natural e 5ªJ.
Simplesmente trocando a 2ªm contida na frase por uma 2ªM (5ªJ, 5ªJ, 2ªM, 5ªJ, 5ªJ), a transformamos em um tipo de ‘arpejo Lídio’ (em relação a A: 1, 5, 9, 3, 7, #11):
Assim, temos uma versão ‘menor’ e uma versão ‘maior’ da frase, que podem ser tocadas tanto com sweep, como com palhetada alternada, ou até mesmo palhetada híbrida (palheta e dedos). Podemos também articular as frases com um slide no intervalo de 2ª, seguido de um salto de corda:
Não precisamos tocar sempre a partir da fundamental do acorde. Sobre um acorde de Am7, por exemplo, podemos começar a versão menor também a partir da 5ª do acorde (resultando em 5, 9, 6, b7, 11, 1). Ou então a versão maior a partir da 3a do acorde (resultando em b3, b7, 11, 5, 9, 13). Sequenciando essas três possibilidades temos uma super frase em 5as:
No exemplo anterior, tivemos três arpejos ascendentes. Uma simples variação seria inverter a direção do segundo arpejo, criando um contorno melódico de sobe-desce-sobe.
Ou o contrário: desce-sobe-desce
Sobre um acorde de Amaj7, além da versão maior, partindo da fundamental, podemos começar a versão menor a partir da 6ª do acorde ( 6, 3, 7, 1, 5, 9) ou a partir da 3ª do acorde (3, 7, #11, 5, 9, 13):
O exemplo 8, mostra Jonathan Kreisberg fazendo uso desse tipo de frase (similar ao Exemplo 2, em Cmaj7(9,#11)) logo no começo deste vídeo (0:08). No compasso seguinte ele usa a mesma idéia sobre um B7(b9) adaptando os intervalos necessários:
Por último, o exemplo 9 ilustra uma abordagem mais ‘shred’ desse arpejo de 5ªs (predominantemente), adicionando uma nota a mais com um ligado nas cordas 1 e 6, facilitando para a palhetada sweep.
E estas são apenas algumas das muitas possibilidades. Se ajustarmos algumas notas, a idéia pode ser tocada em muitos outros contextos harmônicos. E claro, pode ser usada em fragmentos, diferentes ritmos, articulações, etc. Simplesmente misturar uma ou duas quintas empilhadas no meio de outras frases do seu vocabulário já resultará numa sonoridade especial. Experimente, também, adaptar essas frases a escalas diferentes como escala menor melódica, menor harmônica, maior harmônica e escalas simétricas.
As possibilidades são infinitas!
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