Denis Warren – Escalas Musicais (Parte 1)

Olá pessoal, nessa aula vamos entender o que é escala musical, qual a sua aplicação dentro do processo de composição e improvisação e quais as regras que determinam a sua formação e shapes. Nessa primeira parte veremos a escala cromática, pentatônica maior, pentatônica m7, a escala maior e a sua relativa menor e os modos gregos.


Escala Musical – mesmo que o conceito seja vago ou que alguém seja leigo no assunto musical existe uma escala que nos soa familiar, a qual conhecemos as notas, a representação do comum. Essa escala é a de Dó maior, ou seja, Dó Ré Mi Fá Sol La Si Dó.

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Independente da nossa formação profissional ou o direcionamento da nossa vida em algum ponto batemos de frente com esse conceito, com essa sonoridade. E é desse ponto que quero começar essa aula, desse dispositivo musical o qual chamamos de escala.


Origem das notas musicais – Vamos primeiro entender o que é som, onde as notas musicais se enquadram dentro da categoria e de que forma foram definidas.

Som – Quando um objeto vibra ele faz com que o ar em torno dele vibre também. Essa vibração vai passando de molécula em molécula transitando pelo ambiente até atingir o nosso aparelho auditivo. Esse por sua vez vibra e é esse estímulo que é entendido pelo nosso cérebro como som. Outros meios também podem ser usados para a propagação do som como o líquido ou o sólido.

A velocidade dessa vibração determina se o som será grave, médio ou agudo. Observe o quadro abaixo:


Podemos ainda dividir as frequências em subcategorias:

Subgrave → Grave → Médio Grave → Médio → Médio Agudo → Agudo


Nota Musical – é fácil perceber a diferença entre um ruído e uma nota musical. O ruído é formado por um número gigantesco de frequências sonoras em conflito, é uma manifestação instável, em desequilíbrio, como uma explosão, um trovão ou mesmo a derrapagem de um carro.

Uma nota musical é um som definido onde a sua frequência é periódica, produz uma nota definida e controlada dentro do espectro e pode ser manipulada pelo executor. Normalmente a qualidade de seu timbre foi determinada ao longo dos anos de acordo com as estéticas culturais e históricas. Costuma soar agradável e equilibrada para o ouvido.

Possui como características:


Afinação Pitagórica – Temos uma grande capacidade de escutar e entender os sons a nossa volta e conseguimos facilmente assimilar até mesmo as mais complexas interações sonoras. Nosso ouvido humano tem potencialmente a capacidade de traduzir os estímulos provocados por vibrações que ficam entre 20 e 20.000 por segundo, um espectro gigantesco. Então quem e como foram escolhidas as notas dentro desse número enorme de possibilidades?

Foi Pitágoras na Grécia Antiga, ou pelo menos foi quem ganhou o credito.

Os gregos acreditavam que a música tinha forte influência na moral e conduta humana e que ela tinha o “poder” de controlar a razão, manipular o sentimento e caráter (Doutrina do Ethos). Por isso era controlada pelo estado e apenas aqueles que trabalhavam para a vontade do estado poderiam estudar e fazer música.

O principal instrumento para o processo de descoberta musical era o monocórdio, com apenas uma corda, tocada normalmente com uma varinha (plectro). Existia ainda uma caixa de ressonância para “amplificar” o som e uma espécie de ponte que poderia ser movida alterando a altura (afinação) da nota. Era basicamente usado no estudo das relações entre as notas musicais, dividindo a frequência em partes matemáticas inteiras.

Quando a corda era tocada uma nota soava numa frequência determinada. Ao dividir a corda no meio a frequência dobrava mas a nota permanecia a mesma, uma oitava acima. Quando a corda era dividida em três partes uma nova nota surgia, que conhecemos hoje como quinta justa, que soava muito estável e agradável quando tocada junta com a primeira.

Observe no exemplo abaixo a relação entre essas duas notas:


Corda solta – a que chamamos hoje em dia de Dó (claro, usavam outras notas como ponto de partida, mas temos a nota Dó como a referência inicial, por isso foi escolhida para o exemplo).

Quinta Justa – a quinta nota a partir do Dó, ou seja, Dó Ré Mi Fá Sol, a nota Sol.


Nota solta:

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Quinta justa:

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As duas notas juntas:

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Ciclo das Quintas – usou-se essa mesma lógica de afinidade a partir da nota Sol, e assim foram determinadas todas as notas usadas dentro do nosso sistema ocidental.



E assim por diante, observe a ilustração abaixo:





As 5 primeiras notas do ciclo formam uma das primeiras escalas musicais utilizadas dentro da cultura ocidental, a pentatônica (5 notas) que chamamos hoje de Penta m7.

Dó + Sol + Ré + Lá + Mi = Pentatônica maior de Dó ou Pentatônica m7 de Lá.


Seguindo a sequência teremos as outras pentatônicas:

E assim por diante…


7 notas seguidas dentro do ciclo formam a escala maior (diatônica).

E assim por diante…


Todas as notas em sequência formam a escala cromática (12 notas):


O que é uma escala musical? É um conjunto de notas que obedece uma regra, uma condição, onde a distância entre as notas é determinada pela “Fórmula da Escala”.

Vimos anteriormente que o cliclo das quintas de Pitágoras formou a escala pentatônica maior ou m7, a maior (diatônica) e a escala cromática. Vamos observar cada uma separadamente:


Escala Cromática (12 notas) – Compreende todas as notas do sistema de música ocidental, as 12 notas. A distância entre as notas é sempre a mesma, ½ tom. Dessa forma conseguimos tirar a fórmula da escala cromática, que será…

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Para descobrir as notas que fazem parte de uma determinada escala cromática basta obedecer a fórmula, por exemplo:

Escala cromática de Ré:

Finalmente ao andar mais ½ tom chegamos novamente na nota Ré.

Então a escala cromática de Ré tem as notas:

Ré   Ré#   Mi   Fá   Fá#   Sol   Sol#   Lá   Lá#   Si   Dó   Dó#

Observe que a escala cromática de Ré tem as mesmas notas da escala cromática de Dó. Na prática podemos dizer que só existe uma única escala cromática pois a distância entre as notas é sempre a mesma, ½ tom.


Escala Pentatônica maior (5 notas) – Possui 5 notas, são as quintas em sequência do ciclo das quintas de Pitágoras. Observe o exemplo abaixo:

Quintas em sequência:   Dó   Sol   Ré   Lá   Mi

Colocando em ordem:   Dó   Ré   Mi   Sol   Lá   Dó   (Pentatônica de C maior)


Fazendo a análise da distância em tons:

Dó até Ré possui 1 tom.

Ré até Mi possui 1 tom.

Mi até Sol possui 1 ½ tom.

Sol até Lá possui 1 tom.

Lá até Dó possui 1 ½ tom.

Podemos então tirar a fórmula da Pentatônica Maior

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Para descobrir as notas que fazem parte de uma determinada escala pentatônica maior basta obedecer a fórmula, por exemplo:

Escala pentatônica maior de Ré (D):

Finalmente ao andar mais 1 ½ tom chegamos novamente na nota Ré. Então a escala pentatônica maior de Ré tem as notas   D   E   F#   A   B.

Podemos usar qualquer tônica (primeira nota) como ponto de partida e daí basta aplicar a fórmula da escala. Observe na tabela abaixo todas as pentatônicas maiores possíveis:

Por uma questão de convenção e aplicação essa pentatônica é mais reconhecida pelo seu nome relativo, ou seja, por pentatônica de Lá menor 7 (Am7). Vamos mudar as notas de ordem e achar a fórmula da Pentatônica m7 (5 notas)

Pentatônica de Dó maior (Dó Ré Mi Sol ) mudando para a relativa Am7 (sempre a sexta nota é a relativa):

Mudando a ordem:   Lá   Dó   Ré   Mi   Sol   Lá   (Pentatônica de Am7)


Fazendo a análise da distância em tons:

Lá até Dó possui 1 ½ tom.

Dó até Ré possui 1 tom.

Ré até Mi possui 1 tom.

Mi até Sol possui 1 ½ tom.

Sol até Lá possui 1 tom.

Podemos então tirar a fórmula da Pentatônica m7

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BBlue Note (nota de tensão), inserida na pentatônica para gerar interesse, criar movimento. É o intervalo de quarta aumentada (#4) = quinta diminuta (b5).

Outros formatos, clique em cima para ampliar:

Para descobrir as notas que fazem parte de uma determinada escala pentatônica m7 basta obedecer a fórmula, por exemplo:

Escala pentatônica m7 de Si (Bm7):

Finalmente ao andar mais 1 tom chegamos novamente na nota Si. Então a escala pentatônica m7 de Si tem as notas   B   D   E   F#   A.

Podemos usar qualquer tônica (primeira nota) como ponto de partida e daí basta aplicar a fórmula da escala. Observe na tabela abaixo todas as pentatônicas m7 possíveis:

Escala Maior (Diatônica) – Possui 7 notas, são as quintas em sequência do ciclo das quintas de Pitágoras. Observe o exemplo abaixo:

Quintas em sequência:   Fá   Dó   Sol   Ré   Lá   Mi   Si

Colocando em ordem:   Dó   Ré   Mi   Fá   Sol   Lá   Si   Dó   (Escala de C maior)


Fazendo a análise da distância em tons:

Dó até Ré possui 1 tom.

Ré até Mi possui 1 tom.

Mi até Fá possui ½ tom.

Fá até Sol possui 1 tom.

Sol até Lá possui 1 tom.

Lá até Si possui 1 tom.

Si até Dó possui ½ tom.

Podemos então tirar a fórmula da Escala Maior

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Para descobrir as notas que fazem parte das outras escalas maiores basta seguir a fórmula:

Escala maior de Ré (D):

Finalmente ao andar mais ½ tom chegamos novamente na nota Ré. Então a escala maior de Ré tem as notas   D   E   F#   G   A   B   C#.


Observe na tabela abaixo todas as escalas maiores possíveis:

As combinações que possuem na sua formação notas com dobrado sustenido (x) ou dobrado bemól (bb) normalmente não são utilizadas. Ao invés nomeia-se usando a escala enarmônica (aquela com as mesmas notas com nome diferente). Por exemplo, a escala de Si# maior possui as mesmas notas da escala de Dó maior, mas os nomes são diferentes:


Então ficamos com as seguintes possibilidades:

Escala Relativa Menor (natural) – Toda escala maior (diatônica) possui uma escala relativa menor, que possui as mesmas notas em ordem diferente. Essa escala está localizada 4 ½ acima da tônica, ou 1 ½ tom abaixo dela. É a sexta nota da escala maior.


Exemplo:

Dó maior possui as notas   C   D   E   F   G   A   B

A sua relativa menor fica 4 ½ acima da tônica, ou seja, nota Dó + 4 ½ = nota Lá, ou…

A sua relativa menor fica 1 ½ abaixo da tônica, ou seja, nota Dó – 1 ½ = nota Lá, ou…

A sua relativa menor é a sexta nota da escala maior, ou seja, nota Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, .

Então a escala relativa menor de Dó maior será Lá menor, com as mesmas notas.

Lá menor possui as notas   A   B   C   D   E   F   G

Analisando a distância entre as notas da Escala Menor Natural tiramos a sua fórmula…

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Observe na tabela abaixo todas as escalas menores naturais possíveis:


Modos Gregos – São inversões da escala maior classificados da seguinte maneira:

Jônico – É o formato sem inversão, possui as mesmas notas da escala maior na mesma ordem.

Exemplo: C Jônico = C maior→   C   D   E   F   G   A   B   C

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Para determinar as notas de qualquer outra escala Jônica basta respeitar a distância de tons da fórmula acima, por exemplo:

Quais as notas de F Jônico?

E finalmente a nota Mi + ½ tom retorna para a nota . Então a escala de F Jônico tem as notas: F   G   A   Bb   C   D   E.


Dórico – É a primeira inversão da escala maior, ou seja, a escala maior começando na segunda nota.

Exemplo: D Dórico→   D   E   F   G   A   B   C   D

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Para determinar as notas de qualquer outra escala Dórica basta respeitar a distância de tons da fórmula acima, por exemplo:

Quais as notas de Mi Dórico?

E finalmente a nota Ré + 1 tom retorna para a nota Mi. Então a escala de E Dórico tem as notas: E   F#   G   A   B   C#   D.

 


Frígio – É a escala maior começando na terceira nota.

Exemplo: E Frígio→   E   F   G   A   B   C   D   E

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Lídio – É a escala maior começando na quarta nota.

Exemplo: F Lídio→   F   G   A   B   C   D   E   F

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Mixolídio – É a escala maior começando na quinta nota.

Exemplo: G Mixolídio→   G   A   B   C   D   E   F   G

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Aeólio – É a escala maior começando na sexta nota. Possui a mesma estrutura da escala menor natural.

Exemplo: A Aeólio→   A   B   C   D   E   F   G   A

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Lócrio – É a escala maior começando na sétima nota.

Exemplo: B Lócrio→   B   C   D   E   F   G   A   B

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Outros formatos, clique em cima para ampliar:

CAGED – 5 desenhos em 5 regiões no braço da guitarra, cada um é construído em torno do formato de um acorde. O Shape 1 em torno do acorde de C, o shape 2 em torno do acorde de A, shape 3 em G, shape 4 em E e shape 5 em D (CAGED).

Simétrico 3 X 3 – É a escala maior com 6 notas, omite-se em cada shape um dos graus (notas). No shape 1 retira-se a sétima da escala, no shape 2 retira-se a Tônica, no shape 3 a segunda, no shape 4 a terça e assim por diante.

Simétrico 3 X 4 e Simétrico 4 X 3 – A escala completa tocada a cada 2 cordas, repetindo o padrão nas oitavas seguintes. Geralmente repete-se o dedo mínimo nos padrões ascendentes (das cordas graves para as agudas) e o indicador nos descendentes (das cordas agudas para as graves).



Relação entre os modos e a maior (diatônica) – como os modos gregos são inversões da escala maior podemos usar essa sempre como referência para improvisar e compôr ao longo do braço da guitarra. Facilita tocar dessa forma pois cada modo equivale a uma escala maior, então basta usar os desenhos dessa escala para tocar. Claro que a aplicação modal não se restringe apenas ao uso das notas corretas no fraseado, mas de que forma elas serão enfatizadas, assunto para uma aula exclusiva de modos gregos. Abaixo a tabela das equivalências:

Usando a tabela acima temos as seguintes equivalências…

C Jônico = D Dórico = E Frígio = F Lídio = G Mixolídio = A Aeólio = B Lócrio

Ou seja, todas possuem as mesmas notas da escala de Dó maior.


G Jônico = A Dórico = B Frígio = C Lídio = D Mixolídio = E Aeólio = F# Lócrio

Ou seja, todas possuem as mesmas notas da escala de Sol maior.


D Jônico = E Dórico = F# Frígio = G Lídio = A Mixolídio = B Aeólio = C# Lócrio

Ou seja, todas possuem as mesmas notas da escala de Ré maior.


E segue a mesma lógica com as demais escalas.

Para ler o texto “Escalas Musicais (Parte 2) – Menores e Simétricas”, clique aqui.



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