Denis Warren – Albuns que estou escutando…
…na íntegra.
Nessa página venho comentando sobre os albuns que estou escutando na íntegra e independente do estilo, essas músicas representam parte do meu dia de apreciação musical. Uma parte importante do estudo é conhecer escutando e certamente não existe nada melhor do que descobrir o mundo através da sua música.
Também tenho um grupo no Facebook onde publico cada um dos albuns abaixo num post individual, incluindo links para o audio, videos ao vivo, entrevistas, entre outras coisas.
Para olhar o índice de albuns no Facebook clique aqui, ou acesse o grupo aqui.
Between the Lines (Mike Stern) – Um dos melhores albuns do guitarrista Mike Stern onde a densidade harmônica e o fraseado elaborado estão bem balanceados com os arranjos criativos da banda e com os temas, muitas vezes extremamente simples e perfeitos. A interpretação é a característica mais marcante desse trabalho que mescla o jazz com o pop numa fusão inspiradora.
Trespass (Genesis) – Esse é o segundo album da banda mas o primeiro que imprime a sua identidade com arranjos sólidos de teclado, uma bateria mais presente e a transição progressiva entre as partes da estrutura de cada música. Os vocais do Peter Gabriel ganham corpo e fazem um contraponto fantástico com os outros instrumentos melódicos como a guitarra e a flauta transversa.
Climas épicos e melodias marcantes que evoluem e se completam, um trabalho acima de tudo interessante e inesperado.
The Clown (Charles Mingus) – Escutar esse album foi uma grande surpresa e uma boa lição. Pra começar a presença e interpretação do baixista Charles Mingus que suporta e traz vida para todo o trabalho. Depois o risco tomado por arranjos e melodias inovadoras e complexas que mesmo assim conseguem de forma delicada serem apreciadas. A última faixa, título do album, é maravilhosa, onde uma narração sobre a carreira de um palhaço tem como trilha sonora os ornamentos da banda, indescritível.
From Genesis to Revelation (Genesis) – Primeiro album da banda e bastante diferente da sonoridade progressiva que a banda passou a tomar a partir do segundo album. A mixagem comprometeu o trabalho deixando a bateria e guitarra em segundo plano, ou quem sabe ainda abaixo disso.
Alguns elementos típicos do Genesis começam a aparecer como as harmonias pastorais, mas o contraponto e a evolução melódica típicas do progressivo ainda estão tímidas.
A Different Kind of Truth (Van Halen) – O que falar dessa banda que praticamente serviu como referência para a maioria das bandas de hard rock dos anos 80 e 90? O que falar do Eddie Van Halen que mudou a forma que tocamos guitarra?
E esse album, o que falar dele? É tudo que aprendemos a curtir com Van Halen e um pouco mais! Muito peso, pegada e linhas de guitarra que sobreviveriam íntegras mesmo sem o resto da banda, muito bom!
Texas Flood (Steve Ray Vaughan) – Debut album apresentando para o mundo mais um gênio da guitarra. Timbrado e gravado em menos de 3 dias esse trabalho mostra uma renovação no blues com riffs e improvisos fortes trazendo a guitarra como o principal elemento do arranjo.
Timbres perfeitos atingidos de forma simples, sem muito equipamento e sem rodeios. Uma guitarra Fender, dois amplis – Fender Vibroverb 1×15 + Dumble 4×12, um pedal Ibanez Tube Screamer, um microfone Shure SM57 e o principal, o controle muito apurado do Steve Ray Vaughan.
Este album não está disponível no Rdio
Are You Experienced (Jimi Hendrix) – É impossível descrever o Jimi Hendrix em palavras, pois o seu legado é a música, e essa também é indescritível. Seu trabalho tem que ser apreciado na íntegra, de forma cronológica, do primeiro ao último album. E aqui temos a sua estréia como artista solo, mudando o mundo para sempre com a agressão da sua guitarra distorcida e a delicadeza dos seus solos. Apesar de grande parte desse trabalho ser conhecido, é nas músicas mais remotas que encontramos as idéias mais inusitadas.
Imaginary Voyage (Jean-Luc Ponty) – O que imaginar de um album solo de violino? Mas o Jean-Luc Ponty vai muito além dos estereótipos do seu instrumento com composições que misturam o folk, jazz, rock e pop, tudo construído com bom gosto. Com harmonias típicas das bandas de fusion da década de 70 esse album consegue, acima de tudo, um equilíbrio perfeito entre a beleza das melodias, a riqueza do rítmo e a leveza do resultado, muito fácil de ser apreciado.
The View (Chad Wackerman) – Esse é o segundo album da carreira solo do Chad Wackerman que, com a excessão de uma única música, compõs efetivamente todas as músicas do trabalho. O foco não é apenas a bateria, mas de que forma ela reage com os demais instrumentos. Todos tem espaço para criar e através dos improvisos e interpretações singulares imprimem a sua identidade. Apesar da atmosfera jazzística o album encontra força nos riffs distorcidos de guitarra e pegada da bateria. No player abaixo estão contidos 2 albuns do Chad Wackerman. O album The View começa na música 12 – “Close to Home”.
Forty Reasons (Chad Wackerman) – A bateria do Chad Wackerman é sem dúvida um marco importante para o repertório de fusion trabalhando com artistas como o Frank Zappa, Allan Holdsworth, Andy Summers, Albert Lee, John Patitucci e recentemente com o Steve Wilson. Esse é o primeiro album da sua carreira solo onde o baterista assina cada uma das composições. Harmonias bem encaixadas e um suporte fantástico da cozinha que cria a atmosfera perfeita para os improvisos de guitarra do Allan Holdsworth. No player abaixo estão contidos 2 albuns do Chad Wackerman. O album Forty Reason compreende as músicas 1-11.
Tales From The Bulge (Michael Landau) – O guitarrista Michael Landau foi um dos músicos de estúdio mais requisitados na década de 80 e 90 gravando com artistas como o Michael Jackson, Miles Davis e Seal. O album “Tales From The Bulge” é o seu primeiro trabalho solo onde mistura o rock e hard com elementos pop em arranjos refinados e melodias certeiras, sem abusar do virtuosismo. O album tem uma boa evolução e vai ficando cada vez mais dirtorcido com a participação nas guitarras do Steve Lukather, Wayne Shorter no sax e o Vinnie Colaiuta na bateria.
Four Hands & A Heart – Vol. 1 (Larry Carlton) – Esse não é um album de músicas inéditas, mas de versões das músicas preferidas do Larry Carlton extraídas dos albuns “Larry Carlton”, “Strikes Twice” e “Sleepwalk”. Todas foram adaptadas para um arranjo simples com guitarra, violão e percussão, onde o ponto-chave é a interpretação e a valorização da dinâmica. Com timbres fantásticos de guitarra limpa a atmosfera é leve, como se estivessemos assistindo um duo, ou trio, tocando num barzinho.
The Brecker Bros (Brecker Brothers) – Os irmãos Brecker, duo formado por Michael Brecker no saxofone e Randy Brecker no Trompete, fazem uma fusão de vários elementos, seja através das improvisações jazzísticas, do swing rítmico de todos os grooves funkeados ou da energia dos riffs e licks de rock. Temas complexos com diversas sobreposições criam uma interação forte com o peso da base, que permite a estabilidade necessária para balancear a liberdade das melodias.
The Winery Dogs (The Winery Dogs) – Não é preciso falar muito mais sobre esse trio, pois a trajetória e talento de cada um falam por si só. Na bateria Mike Portnoy, no baixo Billy Sheehan e na guitarra e vocais Richie Kotzen. E o resultado ficou especial, um hard rock com pitadas de blues e pop, tudo estruturado com grande sensibilidade. Todas as músicas tocadas no punho, com pouca edição, coragem de quem domina o próprio instrumento.
Ray of Hope (Vital Information) – É uma banda formada pelo baterista Steve Smith e nesse album conta com a presença do guitarrista Frank Gambale, o tecladista Tom Coster e o baixista Jeff Andrews. Um album de fusion com groove, uma boa energia e upbeat. Tem fácil assimilação pois a complexidade está voltada para as linhas individuais e não na composição.
The Complete Recordings (Robert Johnson) – Um dos músicos de blues mais influentes que teve uma carreira breve interrompida pela sua morte aos 27 anos. Esse album comporta a maioria das suas gravações realizadas em 2 sessões, a primeira em 1936 e depois em 1937. Vários riffs e licks de Delta Blues que décadas mais tarde viraram os principais clichês do estilo. Grande parte das músicas ganharam o registro de uma segunda versão, tudo registrado nesse trabalho.
Truth (Jeff Beck) – Esse album é o primeiro da carreira solo do Jeff Beck pouco tempo depois de ter deixado os Yardbirds. Conta com a participação do vocal do Rod Stewart e do baixo do Ronnie Wood. Nessa época a identidade e a expressão do Jeff Beck estavam ganhando corpo e se consolidando como um dos grandes guitarristas de todas as épocas. As músicas transitam entre o blues, o rock e o hard e foram gravadas num prazo impressionante de 4 dias.
Bundles (Soft Machine) – Banda inglesa da década de 60-80 que mistura os elementos progressivos com as concepções do jazz fusion, num trabalho instrumental criativo e envolvente. Quem segura as guitarras é o Allan Holdsworth que impõe seu estilo tanto nos riffs quanto nas frases das improvisações. Tempos quebrados e estruturas pouco comuns, mas um album equilibrado que pode ser apreciado facilmente.
Cheio de Dedos (Guinga) – Um dos grandes virtuosos do violão brasileiro, num album que trabalha a essência da brasilidade, da Bossa, do Samba, do Choro, do Nordeste. Com temas muito bonitos em arranjos cheios, seja no balanço da percussão ou na suavidade das linhas de flauta, cordas e violão. Boa parte das músicas são instrumentais, mas algumas contam com linhas vocais como na participação do Ed Motta na “Ária de Opereta”.
Apostrophe (‘) (Frank Zappa) – Se você acha que música é uma coisa sagrada, esse album não é para você! O Frank Zappa extrapola, leva o sentido da idéia musical para fronteiras desconhecidas, ou mesmo desapreciadas. A sátira se mistura com a projeção das melodias, e o som ilustra a narração, o momento. É como um musical onde cada elemento coexiste de forma intrínseca, horas com bom humor, horas mergulhados em críticas, do mágico ao obscuro, do aceitável ao intolerável.
Total Eclipse (Billy Cobham) – Além de ser um baterista incrível o Billy Cobham demonstra através de cada composição nesse album, todas assinadas por ele, que possui um controle e entendimento musical amplo. Muito groove e improvisos e apesar de ser um disco solo de bateria todos os instrumentos são valorizados na proporção correta. Os temas são marcantes e injetam uma boa dose de energia, o que carrega o ouvinte para dentro do trabalho.
Zawinul (Joe Zawinul) – É considerado um dos pais do fusion e sem dúvida teve uma participação expressiva em diferentes frentes. Esse album solo difere do trabalho com o Weather Report, tem uma concepção mais introspectiva e atmosférica. As músicas soam quase como trilhas sonoras em arranjos tocados em piano elétrico, flauta, trompete, saxofone, contrabaixo acústico, percussão e escaleta. No grupo grandes nomes como Herbie Hancock, Wayne Shorter e Jack DeJohnette.
Tarkus (Emerson, Lake & Palmer) – Essa é a representação do conceito progressivo, com melodias intensas, rítmos elaborados e diversas convenções. A primeira música, Eruption, é uma verdadeira explosão com 20 minutos de duração banhada com as linhas marcantes de teclado do Keith Emerson. O restante do album comporta músicas mais curtas e diretas, mas todas com a atmosfera imposta pela introdução. O trio conta ainda com a afinidade da cozinha do Greg Lake (vocal, baixo , guitarra e violão) e do Carl Palmer (bateria e percussão).
I.O.U. (Allan Holdsworth) – Esse album reune um pouco de cada universo, das relações elaboradas do fusion até a inércia do pop. Os trechos vocais abrem espaço para as harmonizações criativas do Allan Holdsworth e as improvisações abandonam o compromisso com a estrutura. Se fusion quer dizer fusão, esse é o melhor exemplo da boa dosagem das proporções, de como conseguir estabilidade trabalhando com o caos.
Rio (Lee Ritenour) – É um album de jazz com muito groove e sabor latino. Apesar dos termos Rio e Ipanema, as músicas reunem elementos de diversas outras fontes, seja do funk, jazz, fusion e pop. Fácil de escutar mas cativante nos pequenos detalhes como nas passagens outside, nos slaps de baixo ou nas trocas de atmosfera. Essa é uma das primeiras gravações do baixista Marcus Miller que sai praticamente do anonimato e vai tocar com o Miles Davis.
Wilderness (Tony Williams) – Não creio que exista outro jeito de escutar esse album a não ser do seu início, e de forma integral. Quase metade dos nomes das músicas possuem o termo Wilderness (deserto, vasto, selvagem), como em “Infant Wilderness”, “Wilderness Voyager” e “Sea of Wilderness”. O trabalho transita entre o fusion e trilhas épicas, com arranjos quase orquestrados. É fácil separar as músicas em duas categorias distintas, mas não iriam funcionar, precisam desesperadamente desse enlace.
Believe It (Tony Williams Lifetime) – Esse album de fusion do baterista Tony Williams tem uma das atmosferas que mais curto em música. Uma pequena dose de cada elemento, sem exageiros, equilibrando-se no balanço dos contrastes. A guitarra (ou seja lá o que for isso) do Allan Holdsworth, o groove da bateria, a personalidade do baixo do Tony Newton e as camadas de teclado do Alan Pasqua. As partes sincopadas abrem espaço para os improvisos, os trechos tonais diluem as melodias outside e a dinâmica flutua como se levada por uma onda.
Virtuoso (Joe Pass) – É preciso muita coragem para gravar um album inteiro com apenas uma linha de guitarra, sem overdubs, sem edição digital. Tem erros, notas tratejadas, engasgues, oscilações na métrica, mas nada disso importa. É um album real, um registro de um gênio, um pedaço da alma do Joe Pass. Ninguém toca guitarra como ele, seus arranjos são complexos, seu fraseado articulado e o som pulsa, orgânico como a batida de um coração. Sem pormenores, é o músico na sua forma integral, sem maquiagem, apenas humano… será?
Fresh Cream (Cream) – Essa banda foi considerada um dos super grupos de rock da década de 60 e a gravação mantém essa concepção, mesmo nos padrões atuais. Um trio único com o Eric Clapton na guitarra e o “sabor” do blues de raíz, o baixo e as linhas vocais do Jack Bruce e o controverso Ginger Baker com suas levadas jazzísticas na bateria. A mistura resulta num rock com muita pegada, com roupagem moderna e uma sobrecarga de energia.
Giant Steps (John Coltrane) – Esse não é um album para ser analisado, apenas contemplado. A perfeição do fraseado do saxofonista John Coltrane, o virtuosismo, a novidade, o inesperado, tudo muito bem casado com o arranjo da banda. Temas muito bem escritos e harmonias bruscas, tudo feito para capturar a atenção do ouvinte e carregá-lo para o universo Bebop do Coltrane. A edição Deluxe desse album contém as versões alternativas das gravações dos improvisos, muito interessante.
Freak Out! (The Mothers of Invention) – Uma das primeiras bandas do Frank Zappa e um dos primeiros registros de seu trabalho autoral. O “The Mothers of Invention” é sem dúvida uma banda a parte do que acontecia na sua época. Bastante experimental, o grupo coloca o convencional ao avesso com verdadeiras sátiras musicais. Esse album foi lançado em vinil duplo, um dos pioneiros a escolher esse formato. É quase um clichê dizer que o lado B é sempre mais inusitado, um pouco mais estranho. Agora imagine o lado B do segundo disco dessa banda! Os instrumentos foram deixados praticamente de fora para emergir o arranjo vocal mais desafiador que já escutei.
X (Tribal Tech) – Após um longo tempo sem um trabalho autoral, a banda volta com um album que caracterizo como um dos melhores da sua carreira. É incrível como um quarteto consegue escrever música que respeita cada um dos membros, que cria espaço para cada um se expressar, aparecer. E o foco da atenção vai transitando, horas nas melodias da guitarra e baixo, horas na harmonia do teclado ou groove da bateria. Para completar o guitarrista Scott Henderson toca como se a guitarra fosse a sua voz, articula o instrumento com tamanha complexidade que muitas vezes esqueço que estou escutando um instrumento do qual estou tão acostumado a tocar.
All Over the Place (Mike Stern) – Sem dúvida é um dos músicos que mais tem personalidade e identidade para compor. O som é Mike Stern, mas também é Richard Bona, Dave Weckl, Victor Wooten, Kenny Garrett, entre tantos músicos que participam desse trabalho. Muito contraste e muito groove. É muito bacana perceber a vibe de uma base mudar totalmente com o desenvolvimento da linha melódica, ou mesmo uma dinâmica evoluir de forma tão espontânea. É um pouco de jazz, um pouco de rock, um pouco de fusion, mas muito Mike Stern.
Inside Out (Chick Corea Elektric Band) – As músicas foram compostas pelo tecladista e pianista Chick Corea, mas a personalidade de cada membro é impressa de forma intensa nas interpretações e improvisos. Esse album foi um dos primeiros trabalhos de fusion que escutei e durante anos me acompanhou e influenciou. As linhas de guitarra do Frank Gambale são fantásticas, com leveza e imponência, um livro aberto para qualquer apreciador de música.
Romantic Warrior (Return to Forever) – Uma excelente oportunidade para escutar o Al Di Meola tocando guitarra nesse album que é um dos maiores sucessos de vendas da banda. Um quarteto forte com Chick Corea no teclado, Stanley Clarke no baixo, Lenny White na bateria e o Al Di Meola com apenas 21 anos na guitarra. O album desenvolve de forma progressiva com mudanças de climas, melodias fortes e muita improvisação.
All Your Life (Al Di Meola) – Muito além de um simples tributo aos Beatles, esse trabalho é uma grande homenagem, onde o violonista e guitarrista Al Di Meola impressiona com uma releitura de 14 clássicos da banda inglesa. É um album direto, sem muitas camadas, formando um arranjo que leva o repertório a novas fronteiras através de improvisações e variações rítmicas. Não bastasse, o album foi gravado nos estúdios Abbey Road, o mesmo que consagrou os Beatles.
Neural Code (Cuca Teixeira, Thiago E. Santo & Kiko Loureiro) – Foi uma boa surpresa escutar um trabalho de fusion tão refinado, com uma interação tão natural e inteligente. Vários elementos aparecem ao longo do album, o rock, a música brasileira, o jazz, o funk, um pouco de cada influência que cada um dos membros coloca na mesa. Tem uma boa elaboração harmônica e estrutural mas se mantém acessível e fácil de acompanhar, um excelente trabalho.
Acid Test (Cosmosquad) – Com um clima um pouco mais pesado e direto do que o seu primeiro album, o Cosmosquad é sem dúvida uma banda interessante. As composições são voltadas para todos os instrumentos e cada músico tem a sua hora de brilhar nesse trabalho de fusion e metal. Muitas partes valorizam os riffs, sem tantos solos ou melodias, o que ajuda a criar um bom desenvolvimento sem se tornar maçante. Os timbres de guitarra limpa e crunch continuam fantásticos e a abordagem pura e simplista nos permite inclusive escutar os ruídos da corrente elétrica nos captadores single do instrumento.
Bitches Brew (Miles Davis) – Se depender do casting, escutar esse album já é obrigatório, mas a riqueza desse trabalho vai além de qualquer palavra que eu use para tentar descrevê-lo. E pensar que foi gravado a mais de 40 anos atrás, estava antes de sua época e continua assim. Músicas longas com grandes evoluções, muito espontâneo e cativante, onde o suporte da estrutura é o constante diálogo entre os instrumentos. Um album que mudou o jazz, que mudou a forma com que música era gravada. Uma obra do Miles, do John McLaughlin, Chick Corea, Joe Zawinul, Wayne Shorter, Airto Moreira, Billy Cobham, Jack DeJohnette, Lenny White entre tantos outros gênios.
Gafieira Etc & Tal (Paulo Moura) – Existe coisa melhor? Provavelmente não! Esse album é algo de outro mundo, talvez o mundo do Paulo Moura. A cada canção uma inovação, o inesperado, uma injeção de energia que só a música brasileira tem. Simples e complexo ao mesmo tempo, quem explica isso? Muito vigor, muita energia e muita alegria numa música que só poderia ser uma pequena representação de todo brasileiro. Fantástico porque é perfeito, é o que sou, é o que somos. É choro, é samba, é algo mais, é Brasil!
What’s It All About (Pat Metheny) – Um album diferente dos trabalhos anteriores do guitarrista Pat Metheny, onde são executadas versões de grandes clássicos como “Garota de Ipanema” do Tom Jobim, “The Sound of Silence” do Paul Simon & Art Garfunkel e “And I Love Her” dos Beatles. Todas na versão solo com violão de 6 cordas, violão de 42 cordas ou violão barítono, que lhe conferiram o Grammy de melhor album de New Age de 2011 e a primeira posição no chart de jazz americano.
Hot Rats (Frank Zappa) – No começo do album: “Peaches in Regalia”, que por si só já justificaria escutar esse trabalho. Pra completar… o restante, sempre num altíssimo nível e muito inteligente. Trechos em vamps, quase minimalistas, criando um efeito beirando o hipnótico onde a liberdade vem da alma das improvisações. Temas inusitados e timbres muito bem explorados, um clássico.
Moonmadness (Camel) – A força e o drama da primeira faixa imprimem o clima desse album. As linhas vocais abrem espaço para grandes partes instrumentais, reflexo da importância de cada instrumento na composição e identidade da banda. O guitarrista Andrew Latimer impressiona com frases muito bem colocadas, com felling e sem exageiros. Um album progressivo com passagens densas e uma evolução sólida.
Mythology (Derek Sherinian) – Uma das coisas que me motivaram a escutar esse album foi a participação do Zakk Wylde com o Allan Holdsworth numa mesma faixa, no mínimo curioso. Outras grandes participações como a dos guitarristas Steve Stevens e Steve Lukather e do baterista Simon Phillips fazem o trabalho ganhar vida e apesar de ser um album solo de teclado a distribuição das linhas é bem equilibrada.
Cosmosquad (Cosmosquad) – O trio instrumental formado por Jeff Kollman na guitarra, Barry Sparks no baixo e Shane Gaalaas na bateria mistura rock com blues, funk, jazz e metal num repertório bem escrito e executado. As baladas são bastante expressivas com harmonias elaboradas e escalas entrelaçadas. Os timbres de guitarra limpa (Fender Stratocaster) são bonitos e abertos, mostrando o detalhismo e bom gosto do guitarrista.
U.K. (U.K.) – Esse é o album de estréia desse super grupo que reune um dos maiores nomes da guitarra fusion, o Allan Holdsworth, o baterista Bill Bruford (Yes, Genesis e King Crimson), o vocalista e baixista John Wetton (King Crimson, Asia e Uriah Heep) e o tecladista Eddie Jobson (Frank Zappa). O que permeia é o rock progressivo e as influências de cada músico, como as frases jazzísticas da guitarra ou a interação rítmica da cozinha (bateria e baixo). Melodias excelentes e de fácil assimilação que permitem digerir o trabalho, mesmo quando a complexidade do arranjo atinge níveis matemáticos.
Visions of the Emerald Beyond (Mahavishnu Orchestra) – Um album de fusion que reune elementos de rock progressivo, funk, pop, folk, blues e clássico. Cada música tem uma identidade forte, marcadas por climas singulares e arranjos que exploram as diferentes tessituras de instrumentos como flauta, cello, saxofone, trompete e vocais. Mas sempre com a personalidade forte das melodias do John McLaughlin na guitarra e do Jean-Luc Ponty nos violinos.
Close to the Edge (Yes) – O nome desse album reflete perfeitamente de que forma as músicas se desenvolvem e como estão conectadas dentro do album. Com sequências complexas, poliritmias, melodias atonais, tudo beirando os limites do sistema tonal. Por isso esse album deve ser apreciado como um todo, na sequência, pois é a única forma de compreender a evolução de todo o diálogo.
Black Market (Weather Report) – A gravação desse album completará 40 anos em 2015 mas é impressionante como a criatividade dessa produção permanece vigorosa. É o primeiro album do Weather Report com a participação do baixista Jaco Pastorius que toca em 2 faixas. Temas muito bem estruturados e improvisos elaborados por gênios como o saxofonista Wayne Shorter e um dos primeiros nomes do fusion, o pianista e tecladista Joe Zawinul.
Überjam Deux (John Scofield) – Gravado por um quinteto com bateria (Adam Deitch & Louis Cato), baixo (Andy Hess), órgão (John Medeski) e duas guitarras (John Scofield & Avi Bortnick), o que mais se pronuncia é a simplicidade entre as linhas e a valorização da melodia com os grooves de base. Muito swing funkeado e um timbre de guitarra que é de outro mundo.
Extrapolation (John McLaughlin) – Album de estréia do grande guitarrista e violonista John McLaughlin, gravado em 1969. Apesar da forte influência jazzística, as músicas transitam também entre o fusion, o progressivo e o contemporâneo clássico através de atmosferas densas e complexas. Aconselho escutar o album usando fones de ouvido para perceber a separação plena dos instrumentos na mixagem. Na bateria Tony Oxley, no baixo Brian Odgers e no saxofone soprano e barítono John Surman.
A Trick of the Tail (Genesis) – Com a saída do Peter Gabriel da banda o baterista Phil Collins ocupa também o papel de vocalista gravando e assumindo de vez a posição na frente da banda. O album mantém a forte característica progressiva numa mescla sutil entre as partes quebradas e as melodias marcantes. O ponto forte é a forma com que conseguem criar poliritmias inteligentes sem perder a fluidez e leveza no arranjo.
Culture Clash (The Aristocrats) – Esse é o segundo album de estúdio da banda e reflete a consolidação do trio. Na guitarra Guthrie Govan, na bateria Marco Minnemann e no baixo Bryan Beller que ao longo dos últimos anos conseguiram fortalecer o diálogo musical da banda em improvisações muito bem entrelaçadas. Isso é facilmente perceptível ao longo do album onde cada membro compôs 3 músicas num balanço entre melodia e virtuosismo.
Dream Theater (Dream Theater) – A primeira coisa que me chamou atenção nesse album novo da banda foi o tamanho das músicas. Com excessão da última faixa do album todas são menores que o habitual girando em torno de 6 minutos. Os timbres de guitarra estão matadores com muito peso e corpo denso. Muitas melodias fortes, harmonias cheias num clima épico e estruturas mais lineares.
The Enchantment (Chick Corea & Béla Fleck) – Uma mistura de diversos estilos onde o jazz é banhado com swing por melodias latinas, ibéricas e modais (escute a música Brazil!). Nesse duo entre o piano e o banjo a interação entre o talento e a musicalidade transcende qualquer expectativa. Um album suave e bastante dinâmico, fácil de escutar apesar da linguagem elaborada.
Natural Selection (Frank Gambale) – Esse album sai um pouco do convencional do Frank Gambale onde, ao invés da guitarra ele toca violão. Para acompanhá-lo um piano (Otmaro Ruíz), baixo (Alain Caron) e percussão (Joel Taylor), todos num arranjo aberto e direto, com muitas improvisações memoráveis.
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