Sei todas as escalas, e agora, o que fazer?
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Este tópico contém respostas, possui 3 vozes e foi atualizado pela última vez por Leo Antunes 10 anos, 2 mes atrás.
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agosto 20, 2014 às 12:07 pm #1524
Estou criando este tópico porque é exatamente assim que me sinto, conheço os modos as escalas maior, menor harmônica e melódica, a famosa pentatônica e suas variações mas não consigo improvisar; sei que um dos segredos são as chamadas notas de repouso mas, gostaria de obter mais informações sobre o assunto e, se possível, exercícios e vídeo aulas.
Vamos tentar “desmistificar” este assunto que, eu tenho certeza, é o “divisor de águas” na carreira de um guitarrista.
Valeu Galera!agosto 20, 2014 às 6:22 pm #1526Quando você diz que sabe as escalas o que quer dizer exatamente? Conhece os desenhos (shapes) delas? Ou sabe também os acordes derivados, tensões, etc…?
Dentro de uma escala cada nota possui uma distância em relação a tônica, e essa relação provoca um efeito sonoro. No sistema tonal temos um compromisso forte com a tônica e todas as sequências harmônicas são elaboradas de acordo com a sua relação de proximidade ou distância.
O primeiro passo é entender o som de cada uma dessas notas, e isso deve ser feito usando o ouvido e a sua estética. Coloque como backing o acorde do primeiro grau do campo harmônico. Sobre ele toque a escala sentindo o efeito que cada uma das notas provoca. Por exemplo:
Escala de C maior – C D E F G A B
Campo Harmônico de C maior – C | Dm | Em | F | G | Am | Bm(b5)Coloque no backing o acorde de C e toque a escala inteira.
Feito isso mude para o proximo acorde, o de Dm. Toque cada uma das notas da escala e entenda a sonoridade de cada relação, o que elas representam para você. Procure também variar as oitavas, o timbre, a dinâmica, o rítmo e as demais características que possam influenciar no resultado final.
O segundo passo é colocar um backing track com uma sequência simples de acordes em 4 compassos, vou dar alguns exemplos:
C | F | G | G
C | Am | F | G
C | G | F | F
C | Dm | G | C
Use um andamento lento pois assim você poderá resgatar as sensações que estabeleceu durante o primeiro exercício. Você irá perceber que algumas relações se intensificaram ou enfraqueceram por causa do contexto harmônico. Geralmente as notas que fazem parte da formação do acorde soam mais estáveis e as demais provocam um pouco ou bastante tensão. Se você tocar os arpejos de cada acorde estará representando melodicamente a progressão harmônica, que é um bom ponto de partida.
Cada escala possui sua particularidade, algumas notas podem soar bem sobre determinados acordes, outras notas nem tanto. O contexto é sempre o principal fator. A escala maior, por exemplo, possui uma quarta justa que soa desagradável quando a mesma não está presente no acorde da base. Mas repousar nela quando for possível é interessante e cria um bom balanço melódico.
Exemplo:
Observe os seguintes acordes e as notas que fazem parte deles…
C – possui as notas C E G
G7 – possui as notas G B D F
F – possui as notas F A CA escala de C maior possui as notas C D E F G A B e a nota F é a sua quarta.
Sobre o acorde de C a nota F soará desagradável, pois ela não existe na formação do acorde.
Sobre o acorde de G a nota F soará tensa, pois apesar de existir na formação do acorde ela representa uma nota de tensão (trítono).
Sobre o acorde de F a nota F soará agradável, pois ela faz parte da formação do acorde.Então na progressão…
C | G | F | F
Use a escala de C maior mas evite repousar na nota F sobre o acorde de C. Use a nota com cautela sobre o acorde de G e repouse sobre o acorde de F.
Esse tipo de movimento melódico cria interesse e faz a melodia soar bacana. Cada escala possui as suas “regras”, os seus jeitos e a melhor forma de descobrir as soluções é usando o seu próprio ouvido, pois se ele não aceita uma relação dificilmente você irá usá-la.
agosto 21, 2014 às 2:27 pm #1528Denis, você é o cara, já questionei isso a varias pessoas e ninguém me deu uma explicação tão esclarecedora, vou mudar meu esquema de estudos a partir de hoje focando isso, as notas do acorde.
Valeu muito cara!agosto 22, 2014 às 11:52 pm #1529Leo, você também pode se focar na melodia e de que forma ela se desenvolve, quais são os intervalos formados entre as notas. Explico melhor, observe a classificação abaixo dos intervalos:
Intervalos Consonantes (soam agradáveis ao ouvido)
Terça Menor
Terça Maior
Quarta Justa
Quinta Justa
Sexta Menor
Sexta Maior
Oitava JustaIntervalos Dissonantes (soam instáveis, geram tensão)
Segunda Menor
Segunda Maior
Quarta Aumentada ou Quinta Diminuta
Sétima Menor
Sétima MaiorAo tocar uma melodia, se você fizer saltos dissonantes, a tendência é que o trecho também soe dissonante. Pela mesma lógica se você optar por saltos consonantes, o trecho soará mais estável.
A tensão é muito importante em música pois gera expectativa, o que cria movimento e interesse. Mas quando é usada em excesso pode entregar uma atmosfera muito densa, com aspecto sonoro carregado – o que costuma sair do gosto popular. A dissonância colocada na hora errada também gera confusão enfraquecendo a sua função e por consequência fazendo a melodia perder a estrutura.
Então procure balancear consonância X dissonância e colocá-las de acordo com as funções e características dos acordes da cadência.Vou alongar um pouco mais essa explicação com um exemplo:
Falando de modos, sempre temos a caracterização da escala usando o apoio em determinadas notas. Por exemplo, Dó Lídio. Usamos a escala de G maior (G A B C D E F#) mas enfatizamos as notas C (Tônica do modo), a nota E (Terça, define o modo como maior) e a nota F# (característica do Lídio).
Ao solar temos a tendência de enfatizar demais essas 3 notas características, mas observe o intervalo entre as notas C e F#, tem 3 tons (trítono), é bastante dissonante. O ideal é aliviar os saltos dissonantes da melodia fazendo aproximações, por exemplo:
Nota C -> Nota G -> Nota F#
ou
Nota F# -> Nota B -> Nota C
Dessa forma ainda enfatizamos as notas características mas a melodia preserva os saltos consonantes.
agosto 25, 2014 às 12:34 pm #1543Nossa cara, valeu mesmo, eu ainda não havia tido acesso a informação de tamanha qualidade, mesmo em tão pouco tempo estou sentindo evolução nos meus estudos, continue assim, ajudando a difundir o estudo do instrumento mais incrível do mundo.
setembro 10, 2014 às 11:26 pm #1858Leo,
Sou iniciante e achava que improvisação era algo de outro mundo, mas improvisar é bem mais fácil do que pensei.
Estou estudando há pouco mais de 4 meses e basicamente sei me deslocar pelo braço da guitar utilizando as escalas de G e C. Quando comecei a improvisar, peguei um backing track no youtube e deixei minhas mãos “fluírem” pelo braço, sentindo o som da melodia e tentando pôr sentimento no improviso.
Tenho registrado meu progresso através do youtube. Se quiser pode dar uma olhada no meu último improviso, assim você tem idéia de como um iniciante irá improvisar, pois ver os mestres improvisando, é algo “distante”.
Segue o vídeo.
Abraço.
setembro 19, 2014 às 11:11 am #1990Valeu Rideick,
Acho que estou considerando improviso como “uma coisa de outro mundo”, vou buscar começar a fazer improvisos simples e gradulmente avançar até chegar no patamar que intento. Valeu mesmo pela dica cara, e continue improvisando que o seu improviso tá “massa”.
Um abraço. -
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